
Prefácio
Não era assim que eu imaginava tudo quando começamos. Sonhava com dinheiro, carros, hype, garotas — liberdade. De certa forma, eu até consegui tudo isso, mas junto vieram perdas em projetos scam, depósitos perdidos, estresse constante, cabelos brancos e desconfiança nas pessoas. Na corrida pelos «x’s» eu perdi a mim mesmo, a paz e o gosto pela vida. Parece que esqueci o motivo pelo qual comecei. Todos aqueles gráficos, chats, discussões intermináveis sobre estratégias e entradas — tornaram-se o sentido da vida, substituindo tudo o mais. Parei de perceber as pequenas alegrias: o aroma do café pela manhã, conversas com pessoas queridas, passeios sem o celular na mão. Agora olho no espelho e não me reconheço — não por causa da aparência, mas pelo olhar. Ele apagou. Não há mais fogo de sonho — apenas ansiedade, cansaço e a pergunta: «Será que valeu a pena?» Talvez seja hora de dar um passo atrás. Dar uma pausa. Lembrar quem eu sou fora das trades, fora dos números, fora da corrida pelo sucesso.
Todos os dias, o mercado de criptomoedas atrai cada vez mais pessoas — com promessas de dinheiro fácil, liberdade do sistema e a chance de encontrar aquela moeda que vai fazer «life-changing money» (dinheiro que muda a vida). Mas por trás dessa fachada brilhante, não existem apenas oportunidades, mas também riscos que muitos preferem silenciar. Milhares de iniciantes entram no jogo sonhando em ficar ricos e saem de mãos vazias. Por quê? Porque o mercado é o mecanismo mais eficiente de tirar dinheiro das pessoas. Aqui, não vence o mais sortudo ou o mais inteligente, mas aquele que é frio, paciente e calculista.
Este livro não é sobre como se tornar milionário da noite para o dia. É sobre como sobreviver no mercado de criptomoedas, preservar seu depósito, sua saúde mental e seu senso de humor, mesmo quando tudo ao redor desmorona. Vamos falar sobre estratégias, riscos, psicologia e os erros mais comuns cometidos no mercado cripto. Você aprenderá como ganhar dinheiro sem correr atrás do hype, e, o mais importante, como não ficar com nada. Lembre-se: você não precisa ser um gênio para lucrar em cripto. Basta não ser o hamster mais burro na roda.
Parte I: O Despertar
Capítulo 1. Por Que o Bitcoin é a oitava maravilha do mundo
«Existem 58 milhões de milionários no mundo e apenas 21 milhões de bitcoins».
O sonho de um mundo melhor tem transformado a humanidade desde os tempos mais remotos. Com o desenvolvimento dinâmico da tecnologia, diferentes líderes de opinião questionam os modelos existentes de sociedade em termos de sua sustentabilidade futura. Liberdade pessoal versus coerção e controle estatal, ou uma vida mais confortável e fácil à custa da perda da privacidade. Essas questões são uma metáfora para reflexões profundas sobre a digitalização do nosso mundo e a interação do homem com a tecnologia. Os defensores da criptoeconomia veem um novo modelo de descentralização, baseado na tecnologia blockchain, como um possível caminho para a criação de um mundo mais justo e equitativo.
Em 31 de outubro de 2008, um programador usando o pseudônimo de Satoshi Nakamoto publicou em uma lista de discussão de criptografia um breve artigo anunciando a criação de um «novo sistema de pagamento eletrônico descentralizado», funcionando sem intermediários. O artigo descrevia um sistema em que todas as transações ocorrem diretamente, sem a necessidade de terceiros confiáveis. O autor forneceu uma visão geral do artigo e um link para a versão completa. A ideia principal era criar um sistema de pagamento com sua própria moeda, usando algoritmos matemáticos complexos para validar transações sem intermediários. A emissão desta moeda digital ocorreria automaticamente, com uma frequência predefinida, recompensando os usuários pelos esforços computacionais gastos na confirmação das operações.
Embora a maioria das tentativas anteriores de criar dinheiro digital não tivesse sucesso, o sistema proposto por Satoshi Nakamoto conseguiu se estabelecer. Inicialmente, parecia que o Bitcoin atrairia apenas um pequeno grupo de criptógrafos, pois no primeiro ano apenas algumas dezenas de usuários começaram a minerar e trocar «coins», que na época tinham apenas valor colecionável. No entanto, em outubro de 2009, uma bolsa online realizou uma transação de 5050 bitcoins por 5,02 dólares, equivalente a 1 dólar por 1006 «moedas». Este foi o primeiro caso de troca de moeda digital por dinheiro fiduciário, com o valor baseado no custo da energia necessária para sua mineração. Este momento foi crucial, pois o Bitcoin começou a ser visto não apenas como um brinquedo para programadores, mas como um ativo real com um preço pelo qual as pessoas estavam dispostas a pagar. Em 22 de maio de 2010, ocorreu outro marco: um usuário gastou 10 mil bitcoins em duas pizzas no valor de 25 dólares. Foi a primeira vez que o Bitcoin foi usado como meio de troca de bens. A transição do Bitcoin de um ativo colecionável para um meio de troca levou cerca de sete meses. Desde então, o número de usuários e transações na rede Bitcoin cresceu constantemente, assim como a capacidade computacional. Como resultado, em poucos anos, o preço da criptomoeda disparou para níveis recordes.
Hoje, podemos afirmar com segurança que a invenção de Nakamoto não é apenas uma paixão de entusiastas, mas uma tecnologia que passou no teste do mercado e resolve problemas concretos. O preço do Bitcoin já é incluído em boletins de notícias ao lado das cotações das moedas nacionais. O Bitcoin deve ser visto como um software distribuído que permite transferências de valor usando uma moeda protegida contra inflação e independente de intermediários centralizados. Em outras palavras, o Bitcoin automatiza funções que hoje cabem aos bancos centrais, codificadas em software distribuído por milhares de máquinas. Isso garante quase total segurança, pois mudanças no código só podem ser feitas com o consentimento de todos os participantes da rede. Assim, o Bitcoin se tornou a primeira moeda digital viável, oferecendo confiabilidade e estabilidade. Embora tenha surgido na era digital, seus objetivos — fornecer um meio de pagamento controlado inteiramente pelo proprietário e quase imune à inflação — são relevantes desde os tempos antigos.
Para entender o Bitcoin, é preciso primeiro compreender a natureza do dinheiro, suas funções e sua história. Alimentos, sal, peles de animais, ouro, prata, notas promissórias e até objetos brilhantes serviram, em diferentes épocas, como dinheiro. O valor que hoje chamamos de dinheiro pode ser convertido em diversos serviços e bens. É evidente que o dinheiro passou por muitas transformações ao longo da história, das moedas e cédulas físicas às formas digitais modernas. Essa evolução reflete o crescimento e a complexidade da sociedade. A moeda é a manifestação prática do conceito de dinheiro e, para cumprir sua função, deve atender a três critérios principais: ser um meio confiável de preservação de valor, fornecer um método eficiente de transferência de valor e servir como uma medida conveniente de valor, que possa ser comparada e quantificada. O elemento-chave desses critérios é a confiança social. Por isso, muitas formas iniciais de troca, como gado, conchas ou simplesmente objetos brilhantes, não se consolidaram como dinheiro. Elas não atendiam a todos os requisitos, pois não preservavam valor estável, eram inconvenientes de transportar e difíceis de medir e comparar. Entre todas as moedas, o ouro é uma das mais antigas e conhecidas. Ele possui várias vantagens que o tornam uma moeda ideal:
Raridade e durabilidade: o ouro é um metal raro, difícil de reproduzir e extrair. Não se deteriora com o tempo e mantém suas propriedades e valor. Apesar de ser usado em joias, mantém suas características e valor.
Facilidade de transporte: devido à sua alta densidade, o ouro é compacto e fácil de transportar, uma vantagem significativa em relação, por exemplo, a animais vivos.
Uniformidade: o ouro é altamente uniforme — uma onça de ouro puro é igual a qualquer outra onça. Isso facilita o comércio e torna o ouro prático para trocas, diferente de conchas ou pedras preciosas, que variam em valor.
O valor do ouro é baseado na confiança social, formada por sua raridade, intercambiabilidade, portabilidade e resistência à deterioração. No entanto, com o tempo, surgiram desvantagens no uso do ouro como moeda. Falsificadores começaram a adicionar metais menos valiosos ao ouro, reduzindo seu valor original. Além disso, carregar barras de ouro pesadas era incômodo, e as pessoas buscavam alternativas mais práticas. Dividir ouro também era difícil no comércio cotidiano. Buscando uma solução melhor, surgiu o dinheiro em papel lastreado em ouro. O princípio era simples: você depositava ouro (ou prata) em um banco e recebia um documento, conhecido como nota promissória, que podia ser usado como dinheiro. O dinheiro em papel era muito mais leve, facilmente fracionável e o banco podia torná-lo relativamente difícil de falsificar. Assim, o papel atendia a todos os critérios e, mais importante, gozava de confiança, pois a nota promissória era lastreada em ouro.
Mas o que há de errado com nosso dinheiro em papel hoje? Quer ouvir a dura verdade? Na década de 1950, a maioria dos países abandonou o chamado «padrão ouro», desvinculando a oferta monetária do ouro. Até o dólar americano, a principal moeda de reserva mundial, deixou o padrão ouro em favor do câmbio flutuante em 1971. Os governos queriam gerenciar melhor a inflação e a deflação controlando a quantidade de dinheiro em circulação. De repente, qualquer banco central poderia aumentar ou diminuir a oferta de dinheiro a seu critério. O dinheiro tornou-se uma mercadoria que vale exatamente o quanto as pessoas estão dispostas a pagar nos mercados externos, ou conforme a confiança local. O dinheiro em papel moderno deixou de ser meio de preservação de valor. O papel-moeda tem valor apenas para você. Você não pode imprimir mais dinheiro — mas os bancos centrais podem, pois o dinheiro não está mais vinculado ao ouro, dando ao governo o poder de multiplicar a moeda à vontade.
O governo imprime dinheiro, e a inflação faz seu valor cair. Em vez de confiar no lastro em ouro, devemos confiar em algo totalmente novo: uma autoridade central que esperamos que cuide do dinheiro em papel e o torne um bom meio de preservação de valor. Em uma frase: com a chegada do dinheiro em papel, o sistema monetário se tornou centralizado. No tempo do ouro, era descentralizado. Qualquer pessoa podia minerar ouro. Todos podiam possuí-lo. Com o dinheiro digital, a centralização aumentou. Instituições centrais decidiram quem pode abrir uma conta, gerenciar limites de transferência e, o mais importante, manter saldos. Sem esse controle, qualquer um poderia simplesmente copiar e multiplicar dinheiro em seu computador. A centralização deu ao dinheiro uma nova função: controlar quem pode usá-lo.
Pense em uma nota de dólar ou moeda metálica. Ao transferi-la a alguém, não é necessário que a pessoa saiba quem você é. Ela só precisa confiar que o dinheiro recebido não é falsificado. Normalmente, as pessoas verificam o dinheiro visualmente, pelo tato ou com equipamentos especiais, especialmente em grandes quantidades. Como vivemos em uma sociedade digital, a maioria dos pagamentos agora é eletrônica, por intermediários: emissoras de cartões, como Visa, provedores de pagamentos digitais, como PayPal ou Apple Pay, ou plataformas online, como WeChat na China. A digitalização dos pagamentos exige a presença de um participante central que confirme cada transação. Ao trocar a possibilidade de pagar em dinheiro pela conveniência dos pagamentos digitais, criamos um sistema que dá poderes excepcionais àqueles que podem tentar nos oprimir. A organização central é responsável e pode ditar o que as pessoas podem ou não fazer com seu dinheiro. Muitas pessoas se perguntaram: seria possível um sistema monetário digital com todas as vantagens, mas sem uma autoridade central confiável? O Bitcoin oferece uma alternativa aos pagamentos digitais centralizados, devolvendo a natureza peer-to-peer do dinheiro, mas em formato digital.
O Bitcoin é talvez o melhor instrumento para preservação de valor em um contexto de inflação e instabilidade das moedas fiduciárias. Em um mundo onde a inflação reduz rapidamente o poder de compra das moedas tradicionais, cada vez mais pessoas buscam formas alternativas de preservar capital. Uma delas é o Bitcoin. Mas por que o Bitcoin conquistou esse status e quais são suas vantagens sobre o dinheiro fiduciário? A principal diferença do Bitcoin é sua emissão limitada. Ao contrário de dólares, euros e outras moedas governamentais, que podem ser impressos em qualquer quantidade, nunca haverá mais de 21 milhões de bitcoins. Isso está matematicamente fixado em seu código e não pode ser alterado por governos ou corporações. Essa limitação torna o Bitcoin um ativo escasso, imune à desvalorização por «impressão» de dinheiro. Além disso, a emissão de Bitcoin é transparente e previsível. A cada quatro anos ocorre o «halving» — redução pela metade da recompensa da mineração de novos bitcoins. Isso diminui o ritmo da inflação do Bitcoin e torna-o, por natureza, um ativo deflacionário. Diferente do sistema fiduciário, cujas decisões são frequentemente tomadas a portas fechadas pelos bancos centrais, o mecanismo do Bitcoin é aberto e independente de interesses políticos.
Em tempos de crises econômicas, instabilidade, sanções e desvalorização das moedas nacionais, o Bitcoin se mostra como um ativo global independente, acessível a qualquer pessoa com conexão à internet. Não pode ser congelado, bloqueado ou revogado — existe fora do sistema bancário, atraindo aqueles que vivem em países com liberdade financeira limitada ou hiperinflacionária. Exemplos claros são Argentina, Turquia e Nigéria, onde o Bitcoin tornou-se, para muitos, a única forma de preservar economias.
Finalmente, o Bitcoin é uma raridade digital. Diferente do ouro, é fácil de armazenar, transferir e fracionar. Um BTC pode ser dividido em 100 milhões de satoshis, tornando-o útil até para microtransações e pequenas economias. Essa flexibilidade o torna não apenas um instrumento de investimento, mas também um meio de liberdade financeira para milhões de pessoas no mundo.
O Bitcoin não é apenas um ativo especulativo ou uma moda passageira. É uma ferramenta real para proteger recursos em um mundo onde a confiança nas instituições financeiras tradicionais diminui e as moedas fiduciárias cada vez mais perdem estabilidade. Em contextos de alta inflação e instabilidade, o Bitcoin é o equivalente digital do ouro no século XXI — confiável, limitado e independente.
No mundo, há 58 milhões de milionários e apenas 21 milhões de bitcoins. Mesmo que cada um quisesse apenas um, não haveria o suficiente para todos. Compre Bitcoin todo mês por uma quantia fixa — independentemente do preço. Faça isso de forma consistente, ano após ano, e você formará um capital capaz de garantir uma aposentadoria confortável. Essa estratégia chama-se DCA (Dollar-Cost Averaging) — uma das formas mais simples e confiáveis de acumular capital em um mundo de alta volatilidade.
Nasceu uma criança? Comece a poupar para ela — não em moedas fiduciárias sujeitas à inflação, mas em um ativo de emissão limitada. Compre Bitcoin todo mês e, aos 16–18 anos, você terá criado um capital inicial que pode ser destinado para:
Educação universitária.
Entrada para uma casa ou compra de imóvel.
Início de negócio próprio ou portfólio de investimentos.
Simplesmente para um começo seguro neste mundo instável, onde cada decisão financeira importa.
Estabilidade está na regularidade. Confiança no futuro está nas ações de hoje.
Capítulo 2. A era das oportunidades e das desculpas
«Nunca houve tantas razões para o sucesso — e tantas desculpas para não fazê-lo.»
«Devia ter comprado bitcoin em 2010. Agora já é tarde.» «Eu moro em um país onde há poucas oportunidades. Aqui não é costume arriscar, e muito menos acreditar em algum tipo de dinheiro virtual.» «Nunca vivemos ricos — então nem há por que começar, como dizem. E, de qualquer forma, isso tudo é golpe. Uma bolha. Especulação.» «Agora com certeza é tarde — quem conseguiu, conseguiu. Os outros — continuam vivendo como antes. Não era a nossa sorte.»
Mas tudo isso não são razões, e sim desculpas convenientes. Todos tinham trabalho, família, dívidas. Todos sentiam medo e incerteza. Todos tinham internet ruim e dúvidas. Mas alguém, apesar de tudo isso, ainda assim tentou. Errou, aprendeu, perdeu, mas seguiu em frente. Sim, seria ótimo voltar no tempo com o que sabemos agora. Mas muito mais importante é não ficar preso ao passado, e sim olhar para o que pode ser feito hoje. Porque novas oportunidades não desapareceram. Elas apenas mudaram de forma. Não viveu rico? Ainda mais razão para começar. Porque, se você não começar, ninguém começará por você. E então, daqui a dez anos, você novamente dirá: «Devia ter começado em 2025…»
Nunca na história houve tantas oportunidades de enriquecer, mas, mais importante, nunca houve tanta necessidade disso como nas condições atuais. Os preços crescem mais rápido que os salários. A moeda se desvaloriza, e a estabilidade se tornou uma ilusão. Estar apenas «na média» já não é suficiente — isso se tornou um risco. Ter uma reserva financeira não é luxo, é condição de sobrevivência. Vivemos numa época em que conhecimento, rapidez de reação e capacidade de adaptação se tornaram as principais moedas. O mundo se tornou digital, fronteiras — relativas, e o dinheiro agora é feito não por quem teve melhor partida, mas por quem se reorganizou mais rápido.
Enriquecer não é mais sobre iates e mansões. É sobre liberdade: viver sem medo, escolher onde e como trabalhar, o que fazer, onde seus filhos crescem. Não é apenas um objetivo — é uma forma de se proteger do caos.
Na história da humanidade, houve períodos específicos em que indivíduos ou grupos puderam enriquecer rapidamente graças a mudanças na economia, tecnologia, descobertas e transformações sociais.
Aqui estão os principais períodos históricos em que isso foi especialmente possível:
1. Era das Grandes Descobertas Geográficas (séculos XV–XVII)
Neste período, os Estados europeus começaram a explorar novos caminhos marítimos e terras fora da Europa. As razões eram diversas — busca por novas rotas comerciais, exploração de recursos raros, expansão de influência e territórios.
Por que era possível enriquecer rapidamente?
Descoberta de novas terras e recursos: ouro, prata, pedras preciosas, especiarias, açúcar, tabaco.
Monopólio no comércio de produtos raros: Portugal e Espanha obtiveram direitos exclusivos de comércio com novas colônias.
Escravidão e exploração: forneciam mão de obra barata para plantações, aumentando lucros.
Tesouros de conquistadores: espanhóis saqueavam civilizações indígenas, enviando ouro e prata para a Europa.
Crescimento do comércio e sistemas bancários: ações de companhias comerciais e financiamento de expedições proporcionavam enormes lucros.
Exemplos: Cristóvão Colombo, Fernão de Magalhães, Hernán Cortés, Francisco Pizarro, VOC (Companhia Holandesa das Índias Orientais).
Mecanismos de enriquecimento: expedições bem-sucedidas, monopólios comerciais, escravidão, investimento em navios e viagens arriscadas.
Riscos: alto custo e perigo das expedições, guerras, revoltas e perda de riqueza.
2. Revolução Industrial (séculos XVIII–XIX)
Período de transformações econômicas e tecnológicas, com máquinas substituindo trabalho manual.
Por que era possível enriquecer rapidamente?
Novas tecnologias: máquina a vapor, teares, metalurgia.
Transporte e comunicação mais rápidos: ferrovias, navios a vapor, telégrafo.
Crescimento das fábricas e produção em massa.
Necessidade de capital e investimento: acionistas obtinham grandes lucros.
Expansão urbana e mão de obra barata.
Quem enriquecia: industriais (Carnegie, Rockefeller), investidores e banqueiros, comerciantes e donos de transporte, inventores.
Riscos: grandes investimentos iniciais, concorrência acirrada, revoltas trabalhistas.
3. Corridas do Ouro (século XIX)
Movimentos migratórios para regiões com depósitos de ouro ou outros metais preciosos.
Exemplos: Califórnia (1848–1855), Austrália (1851–1860), Klondike (1896–1899), África do Sul (diamantes).
Como enriquecer: baixo custo inicial, ouro valioso, crescimento de vilas, especulação de terras e equipamentos.
Quem lucrava: garimpeiros sortudos, comerciantes (Levi Strauss), donos de minas, investidores.
Riscos: maioria não enriqueceu, clima difícil, doenças, conflitos, esgotamento rápido de depósitos.
4. Industrialização dos EUA e «Era dos Barões Ladrões» (final do XIX — início do XX)
Período de crescimento econômico rápido, surgimento de grandes corporações e monopólios.
Por que era possível enriquecer: expansão industrial, ferrovias, consolidação de negócios, baixa regulamentação, mão de obra barata.
Quem eram os barões: Carnegie (aço), Rockefeller (petróleo), Vanderbilt (ferrovias), J.P. Morgan (finanças).
Como enriqueciam: monopólios, integração vertical e horizontal, manipulação de mercados, influência política.
Riscos: competição feroz, exploração social, desigualdade crescente.
5. Pós-Segunda Guerra Mundial (1945–1960)
Período de reconstrução econômica e crescimento do padrão de vida.
Oportunidades: reconstrução de infraestruturas, tecnologias, produção em massa, crescimento do consumo.
Quem enriquecia: empresários, investidores, engenheiros, inventores, banqueiros.
Características: estabilidade relativa, mobilidade social, forte regulação estatal e programas sociais.
6. Boom tecnológico (1990–2000) — Era das Dotcoms
Crescimento explosivo de empresas de internet.
Oportunidades: internet em massa, novas formas de negócio, rápido aumento de valor de ações, acesso a venture capital, IPOs.
Quem enriqueceu: fundadores e investidores de empresas digitais (Jeff Bezos, Peter Thiel, Sergey Brin, Larry Page).
Riscos: bolha das dotcoms (2000–2002), falência de muitas empresas.
7. Boom das criptomoedas (até hoje)
Crescimento rápido das moedas digitais desde 2009.
Oportunidades: compra de Bitcoin barato, crescimento do mercado, DeFi, ICOs, NFTs, novos projetos blockchain.
Quem enriquece: investidores iniciais, fundadores de projetos cripto, traders, venture capital.
Riscos: alta volatilidade, regulação, golpes, problemas técnicos.
Isso não é apenas mais uma tendência. É uma era de mudanças comparável à Revolução Industrial ou à Corrida do Ouro — e você já está vivendo nela. O que você vai contar aos seus filhos daqui a muitos anos? «Desculpe, filho… Eu tive medo. Não vi a oportunidade, embora estivesse bem diante dos meus olhos. Não somos ricos porque seu pai pensava como pobre. Confiei demais na multidão — que sempre chega por último e sempre sai de mãos vazias.»
Mas você pode agir diferente! Olhar mais amplamente. Parar de buscar aprovação da maioria, que sempre se atrasa. Começar a aprender, experimentar, analisar. Entender que tempos de mudança não são motivo de medo, mas janelas de crescimento. Você não precisa ser um gênio para aproveitar a oportunidade. Precisa estar aberto, ter coragem de perguntar, pensar com sua própria cabeça e, principalmente, agir antes que seja tarde demais. Acorde!
Capítulo 3. Como o capital é retirado de você-a história do roubo discreto
«Tirar o capital é a arte de convencê — lo de que o dinheiro é perigoso e que a pobreza é uma virtude.»
A classe média é uma camada educada, independente e relativamente autônoma da população. Ela: lê, pensa, analisa. Tem tempo, dinheiro e energia para fazer perguntas, participar da política, criar negócios, se unir. Pode influenciar: votar, investir, mudar as regras do jogo. Um sistema baseado em desigualdade e controle não quer que as pessoas pensem e se unam. Ele quer: consumidores, não investidores; trabalhadores, não empregadores; dependentes, não livres.
A classe média como camada massiva está desaparecendo, ela está sendo destruída impiedosamente. Ou você recebe uma pseudo-estabilidade (hipoteca, empréstimos, trabalho de sobrevivência), ou você acorda — e sobe, desafiando o sistema. Os mais ricos ficam ainda mais ricos (o capital trabalha para o capital). Ativos (ações, imóveis) valorizam — quem os possui, vence. Quem não possui — fica para trás para sempre. Os salários não crescem no mesmo ritmo que os preços e o custo de vida. Os bancos centrais despejam dinheiro no sistema — isso aumenta os preços, mas não a renda das pessoas comuns. Os ricos sabem como minimizar impostos, os pobres pagam tudo. «Benefícios» mantêm na linha da sobrevivência, mas impedem de subir mais alto.
O que é a apropriação de capital no mundo moderno? É um processo sistêmico pelo qual recursos — dinheiro, ativos, tempo, energia — são retirados da população, pequenas empresas ou investidores inexperientes — sem violência visível. Isso pode ser feito através de: mecanismos econômicos, influência informativa, analfabetismo financeiro, armadilhas psicológicas e comportamentais.
Quem faz isso, como e por quê?
1.Estados e Bancos Centrais
Por quê? Para redistribuir recursos, controlar a inflação, salvar grandes players.
Como? Inflação: imprimir dinheiro reduz o poder de compra da população. Aumento de impostos. Reformas previdenciárias, onde você paga, mas não recebe. Desvalorizações e restrições cambiais.
2.Corporações e bancos
Por quê? Para lucro estável, manter poder e controle sobre o consumidor.
Como? Impor créditos, hipotecas e leasing com promessas bonitas. Assinaturas de serviços infinitos, onde você nem possui o que paga. Produtos financeiros complexos com condições claramente desfavoráveis.
3.Mercado de ações e criptomoedas (inclusive grandes players)
Por quê? Para enriquecer às custas de investidores de varejo.
Como? Criar hype → atrair multidão → dump → venda de ativos às custas de iniciantes. Manipulações via mídia e influenciadores. «Pump and dump», insider trading, notícias falsas.
4.O próprio sistema educacional
Por quê? Para que você permaneça um trabalhador obediente e consumidor.
Como? Analfabetismo financeiro — você não entende como o dinheiro funciona. Propaganda de «estabilidade» e medo do risco. Programação social: «riqueza não é para você», «dinheiro corrompe».
Como isso se manifesta na prática?
Você passa 30 anos pagando uma hipoteca por um apartamento que o banco pode tomar. Guarda dinheiro na moeda nacional — e vê suas economias desaparecerem. Tem medo de investir e a inflação come seu capital. Trabalha como empregado a vida toda e se aposenta com quase nada.
O que fazer?
Aumentar a educação financeira. Pensar estrategicamente, e não emocionalmente. Diversificar: não colocar tudo em uma cesta (moeda, ativos, conhecimento). Aprender a identificar riscos e manipulações antes de cair neles.
Você não é pobre porque não tem dinheiro. Você é pobre porque alguém te convenceu de que não é capaz de mantê-lo e que não merece ser rico. Antes de entrarmos diretamente em criptomoedas, você precisa entender: ninguém está interessado no seu bem-estar — nem o governo, nem amigos, nem seu chefe. Pelo contrário, tudo ao seu redor quer tirar o pouco que você tem ou pode ter no futuro próximo. Você vive em um sistema onde, por padrão, você é um recurso, um escravo. Não te ensinam a ganhar dinheiro — te ensinam a obedecer, consumir, gastar e ter medo de perder o emprego. Te dão a ilusão de estabilidade: salário uma vez por mês, hipoteca de 30 anos, pacote social com suposta saúde gratuita. Mas tudo isso é uma armadilha. Quanto mais tempo você permanece nela, mais difícil é escapar. E se você de repente quiser escapar — começar a fazer perguntas, estudar finanças, se interessar por investimentos ou criptomoedas — vão te chamar de ingênuo, ganancioso, estranho, «inteligente demais». Este é o mecanismo de autodefesa do sistema. Você precisa entender: o caminho para a liberdade não passa pela permissão de outros. Você não terá aprovação. Não esperará o «momento certo». Não se salvará se ficar dizendo: «só mais um pouco de paciência».
Criptomoedas — não é apenas um investimento. É protesto. É saída da submissão. É uma ferramenta que trabalha a seu favor, se você estiver pronto para pensar de forma independente. No futuro, as pessoas se dividirão entre as que entenderam e as que riram e passaram adiante. A questão é: em qual grupo você estará.
Mecanismos de expropriação de capital da classe média e da elite em diferentes períodos da história:
1. Antiguidade (até aproximadamente o século V d.C.)
Como o capital era retirado:
Espólios de guerra e saques. Os vencedores em guerras tomavam terras, gado, joias e escravos dos derrotados.
Escravidão por dívida. Se alguém não podia pagar uma dívida, sua propriedade podia ser confiscada e a própria pessoa transformada em escravo.
Impostos e obrigações. Nas cidades-estado, existiam tributos que retiravam parte da riqueza da população.
Exemplo: No Império Romano, imperadores frequentemente confiscavam bens de opositores executados ou exilados. Em Atenas, devedores incapazes de pagar perdiam liberdade e propriedade.
2. Idade Média (séculos V — XV)
Como o capital era retirado:
Sistema feudal. A terra pertencia aos senhores feudais; os camponeses deviam entregar parte da colheita (ônus) ou trabalhar para o senhor (serviço).
Impostos da Igreja. O dízimo retirava parte significativa da renda em favor da Igreja.
Confisco por «crimes» contra o senhor ou o rei. A propriedade podia ser retirada e os títulos de nobreza perdidos.
Inquisição e heresias. A Igreja podia confiscar bens de acusados de heresia.
Exemplo: Na Inglaterra, após a conquista normanda, Guilherme, o Conquistador, confiscou terras dos anglo-saxões e as entregou a seus vassalos. Na Rússia, os camponeses deviam pagar ônus ou trabalhar para o proprietário, perdendo de fato o direito à propriedade.
3. Idade Moderna (séculos XV — XVIII)
Como o capital era retirado:
Saques coloniais. Potências europeias (Espanha, Portugal, Inglaterra, França) tomavam terras, recursos e pessoas (escravidão) dos povos indígenas.
Confisco religioso. Durante a Reforma e Contrarreforma, bens da Igreja Católica eram confiscados em países protestantes.
Confiscos revolucionários. Na França, após 1789, propriedades da aristocracia e da Igreja foram expropriadas para financiar a revolução.
Exemplo: A conquista espanhola nas Américas retirou ouro, prata e terras dos indígenas. Na França, revolucionários expropriaram propriedades nobres para financiar o exército.
4. Século XIX
Como o capital era retirado:
Abolição da servidão. Camponeses foram libertados, mas muitas vezes deviam comprar a terra, levando à perda de capital.
Nacionalizações e reformas agrárias. Em alguns países, a redistribuição de terras era às vezes forçada.
Colonialismo. A expropriação de recursos nas colônias continuou.
Altos impostos. Estados financiavam industrialização e exércitos com tributos elevados.
Exemplo: Na Rússia, em 1861, os camponeses receberam liberdade, mas tiveram que comprar a terra dos proprietários. Na Índia, britânicos confiscavam terras e recursos de principados locais.
5. Século XX
Como o capital era retirado:
Revoluções socialistas. Na URSS (1917), China (1949) e outros países, houve nacionalização em massa de terras e empresas; propriedade privada foi abolida.
Repressões e deportações. Na URSS, os kulaks e perseguidos políticos tiveram seus bens confiscados.
Grande Depressão. Nos EUA e Europa, impostos e regulações redistribuíram parte do capital.
Reformas pós-guerra. Nacionalizações estratégicas na Europa Oriental e América Latina.
Aquisições corporativas forçadas. Nos anos 1980–90, em economias de transição, ocorreram muitas expropriações de empresas.
Exemplo: Na URSS, propriedades de nobres, capitalistas e religiosos foram confiscadas. Na China, o «Grande Salto» e a Revolução Cultural trouxeram expropriações em massa.
6. Período contemporâneo (século XXI)
Como o capital é retirado:
Nacionalizações e privatizações. Em alguns países, o Estado nacionaliza empresas; em outros, há corrupção e aquisições forçadas.
Sanções financeiras. Ativos de países ou indivíduos podem ser congelados ou confiscados.
Combate à corrupção e lavagem de dinheiro. Ativos de suspeitos são confiscados.
Crimes cibernéticos. Hackers e golpistas podem «tomar» capital.
Exemplo: Na Venezuela, nacionalização do petróleo; na Rússia nos anos 1990, aquisições forçadas de empresas.
Expropriação de capital e poupança na Rússia Imperial (até 1917)
Servidão e trabalho forçado. Até 1861, camponeses eram propriedade de senhores e deviam trabalhar, limitando a acumulação de capital.
Pagamentos de terra após a abolição da servidão (1861). Terra não era gratuita; o pagamento criava dívidas e limitava oportunidades econômicas.
Impostos e obrigações. Tributos altos retiravam grande parte da renda.
Confiscos e multas. Em acusações de rebelião ou crime, a propriedade podia ser confiscada.
Dependência econômica do Estado e monopólios. Controle estatal sobre sal, tabaco e comércio restringia acumulação.
Expropriação de capital e poupança na URSS (1917–1991)
Nacionalização e confisco pós-1917. Toda propriedade privada grande (terra, fábricas, bancos) foi nacionalizada.
Deskulakização. Nos anos 1920–30, camponeses com propriedades maiores tiveram bens confiscados e foram deportados.
Repressões e confisco de «inimigos do povo». Nos anos 1930–50, acusados de crimes políticos perderam tudo.
Controle estatal total. Casas, fábricas, terra eram estatais; uso dependia de permissão.
Impostos e contribuições obrigatórias. Mesmo sem propriedade privada, o Estado retirava recursos via planejamento central.
Inflacionamento e desvalorização de poupanças. Escassez de bens e controle monetário reduziram poder de compra.
Demonetizações. Reformas monetárias em 1947 (10:1) e 1961 (10:1) reduziram a poupança nominal e real da população.
Expropriação de capital e poupança na Rússia contemporânea
Demonetização e inflação (anos 1990). Hiperinflação após a dissolução da URSS (~2500% em 1992). Poupanças praticamente zeradas. Denominação de 1998 (1000:1) não compensou perdas.
Crise financeira de 1998. Default técnico, colapso do rublo (6 → 21 por dólar), contas bancárias congeladas, empresas falidas.
Crise de 2008. Queda de 75% no mercado de ações; desvalorização de ativos de investidores.
Desvalorização do rublo 2014–2015. Queda de 30 → 70 por dólar; inflação e perda do poder de compra.
Controle cambial e restrições (2022–2023). Limites para compra de moeda, congelamento de depósitos, rublo> 100 por dólar.
Inflação contínua. Mesmo em períodos «calmos», a inflação corrói poupanças; rublo permanece instável.
Reforma da previdência e congelamento da parte acumulativa (desde 2014). Perda futura de aposentadorias, aumento da idade mínima sem aumento significativo de benefícios.
A história da Rússia mostra que poupanças em rublos não garantem segurança; mecanismos de expropriação podem ser diretos (confisco) ou indiretos (inflação, desvalorização, reformas).
Em todas as épocas, há oportunidades de enriquecimento, mas também riscos de perder tudo. A mensagem central desta primeira parte: «Enriqueça não rapidamente, mas para sempre!»
O objetivo é despertar o leitor de sua «letargia financeira», em que milhões gastam mais do que ganham, não sabem para onde vai o salário e esperam que tudo se resolva sozinho. Despertar não é sobre onde investir; é sobre olhar honestamente para sua vida: decisões, hábitos e crenças que controlam seu dinheiro.
Enquanto vivemos no piloto automático — gastando, ganhando, tomando empréstimos, temendo investir e contando com sorte — nenhum conselho funcionará. A verdadeira mudança começa com consciência: entender por que você vive assim, que crenças moldam seu comportamento, por que o dinheiro escapa, por que teme grandes rendas ou sabota objetivos financeiros.
Despertar significa ver que sua realidade atual não é acaso, mas resultado de escolhas e hábitos. E se você criou isso, pode criar outra realidade — mais consciente e financeiramente livre. Tudo começa com este despertar.
Eu peço a você: «Desperte!»
Deixe o livro, digira o que leu e volte depois. Na segunda parte, falaremos sobre por que a maioria perde dinheiro em criptomoedas, sobre o pensamento de «hamster», padrões comportamentais e psicologia financeira.
Se você leu até aqui e já pensa: «Cadê os Lambos? Cadê o botão do dinheiro? Cadê histórias inspiradoras?» — temo decepcioná-lo ainda mais. A frente não haverá motivação glamourosa, mas reflexão profunda. Se deseja realmente prosperar financeiramente, será necessário trabalhar seriamente consigo mesmo. Não será fácil. Mas valerá a pena. Sem ilusões. Apenas você, sua mente, suas reações e seu poder de assumir o controle.
Parte II: A psicologia dos hamsters
Capítulo 4. Como Nascem os hamsters
«Se você veio por dinheiro fácil você é dinheiro fácil».
«Hamster» — é um investidor inexperiente, que não possui os conhecimentos necessários para atuar de forma eficaz no mercado de ativos digitais. O nome surgiu por analogia ao comportamento de pequenos roedores: esses investidores podem realizar muitas operações, mas não obtêm resultados financeiros significativos.
O hamster não aparece de repente. Ele não cai do céu e não nasce em um laboratório do Elon Musk. O hamster se forma. Gradualmente. Sob a pressão de conselheiros do YouTube, «previsores» do TikTok e «análises» do Telegram. Tudo começa com a frase: «Quero renda passiva», «Quero liberdade financeira». O hamster é uma pessoa comum, cansada de trabalhar por 1000 dólares por mês e sonhando em «ganhar com cripto». Ele abre o YouTube e se depara com um vídeo intitulado: «Como eu fiz x100 em 2 dias com um token que ninguém conhecia!».
A seguir — o caminho padrão: ele baixa Binance / Bybit, se cadastra com o link de indicação do influenciador, deposita dinheiro com cartão e — oh, grande erro — compra algo imediatamente. O hamster acredita que, se o blogueiro com cara de guru e camiseta Supreme diz: «Isso não é conselho financeiro, mas estou comprando este altcoin», ou um rapaz em um podcast de terno Adidas conta como transformou 400 $ em 1.000.000 $ com futuros — então eles sabem o que estão fazendo. Mas o hamster não entende que para os vendedores de pás e picaretas é lucrativo convencê-lo a ir procurar ouro. «Se você tivesse comprado a moeda XYZ há seis meses por 1000 $, hoje teria 100.000 $.» Se soubesse onde iria cair, teria colocado uma esteira de proteção! Todos esses vídeos do TikTok têm como objetivo semear no cérebro do hamster o FOMO (medo de perder oportunidade) e empurrá-lo para o mercado. O hamster não sabe que ele é — combustível para crescimento, ele é liquidez, tão necessária para quem já está no mercado. Os influenciadores justificam suas ações como uma missão de popularização da cripto. Mas para entrar no mercado de cripto é preciso consciência, cabeça fria e ordem em todas as áreas da vida. Suas técnicas agressivas e o jogo com o medo de perder oportunidades criam uma falsa ideia sobre cripto.
O próximo passo chats no Telegram. O hamster busca «sinais», «análises» e «insights». Encontra milhares de canais. Absorve toneladas de informação sem filtrar as fontes. Ele não sabe que no mercado ganha quem entende as regras, não quem grita mais alto. E eis o primeiro sinal: «Compra em 0,1$ da moeda XYZ — stop será levado — de agora a lua», «Venda com alavancagem 50x, este é o ponto de reversão». O hamster não entende nada, mas faz como disseram. Três minutos — liquidação. Ele nem consegue entender o que aconteceu.
O hamster se convence de que tudo está sob controle:
«Agora só o mercado está ruim.»
«São manipulações, estou fazendo tudo certo.»
«Na próxima entro mais barato.»
Ele até começa a estudar candles. Olha para o gráfico como se soubesse interpretá-lo. Alguns dias depois começa a falar com confiança: «Aqui é absorção, agora subimos» (depois cai). Às vezes o hamster tem sorte. Ele compra uma moeda que dispara +60%. Esse é o momento em que ele se torna um verdadeiro hamster: não realiza lucros. A moeda cai. «É apenas uma correção.» Cai novamente. «Vai subir de novo.» Cai pela terceira vez. «Isso é hold, é longo prazo.»
É assim que nasce o investidor passivo — contra sua vontade. E aí está ele — hamster: comprou no topo, vendeu na baixa, acredita piamente que «ainda há chance», transfere os restos para outra «moeda promissora» encontrada em um «canal fechado» por 15 $ por mês. O Telegram é um formigueiro de hamsters. Todos repostam os mesmos pumps, sinais, rumores. Alguém escreve: «Estou entrando em tudo», «As baleias estão comprando». E o hamster entra de novo. Em vez de análise — emoções. Em vez de plano — esperança. Ele não investe — adivinha. E o mercado pune adivinhações com dor.
O hamster rapidamente chega a um «novo nível» — trade com margem. Ouviu: «Alavancagem 50x — e você dobra o depósito em um dia.» Ele tenta. Primeira operação: +50%. Segunda: –70%. Terceira: liquidação. Em choque, fica diante da tela. Conta — zero. Vai ao chat e escreve: «É golpe. Saio. Cripto é fraude.» Mas passa um mês. Novo depósito. Nova chance. Ele volta. O hamster não morre. Ele apenas lambe as feridas. O hamster adquire seus influenciadores favoritos do YouTube e mantras:
— «Isso é um fundo duplo.»
— «Seguro até o halving.»
— «Tudo manipulação, é só esperar.»
— «Uau! Correção, chegaram os descontos, hora de comprar mais.»
Mas a essência não muda. Ele ainda não sabe por que compra, quando vender e quais riscos corre. Ainda reage, não age. Ele é hamster. Só que agora — «um pouco mais esperto». Ou seja, ainda mais perigoso para si mesmo. Hamsters não nascem — tornam-se. Do desejo de ganhar rápido. Da falta de conhecimento. Da confiança em quem também não sabe o que faz.
Se você não entende o que está comprando — não é investidor, é jogador de loteria.
Se você depende da opinião alheia — não é trader, é cliente.
Se você acredita que o mercado lhe deve algo — você já perdeu.
O hamster nasce da ganância e da ignorância. Quer rápido e fácil, mas entra em um mercado onde vencem os pacientes, os educados e os frios como iceberg.
Lembre-se:
Se você veio atrás de dinheiro fácil — você é o dinheiro fácil.
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